quinta-feira, 22 de julho de 2010

As coisas que não me faltam

Ultimamente sinto uma leveza da qual não tenho o que me queixar. Uma liberdade contínua, livre de culpas e arrependimentos. No começo da semana coloquei um fim explícito em um ex-namoro que há muito dava o que falar. Nunca houve brigas, nunca houve pessoas feridas na esfera sentimental, entretanto, amores incondicionais e de formas diferentes coexistiam e coexistem, portanto, era hora de definir e delimitar o que queríamos desse relacionamento. Apenas deixamos claro o que queríamos daqui para frente, eliminamos possibilidades e projetamos um futuro. Amizade prevalece, não estamos preparados para perder um ao outro, nosso relacionamento é algo que não pode se perder, independentemente do rumo que tome. Romance nos últimos meses foi uma das coisas que não faltaram. Checado!

Passo cerca de dez horas do meu dia estudando, é algo importante passar no vestibular, conseguir independência financeira e ser bem sucedido na carreira que escolhi. Tiro boas notas e mantenho uma vida social até que bem agitada para um vestibulando focado. Amigos, escola, familiares, nada disso atingiu um patamar que me incomode de alguma forma, não falta nada neste campo. Fazer a social, ser o filho e aluno exemplar não me faltam também. Checado!

Recebi algumas ligações dos últimos dois empregos que tive, ambos estáveis. Decidi sair por ofertas melhores ou por desejar me focar nos estudos. Os dois pediam para que eu retomasse minhas atividades, acredito que isto signifique que serei bem sucedido e que sou reconhecido por aquilo que faço no campo profissional. Engajamento de carreira, contatos e autoconfiança são fatores que também não me faltam. Checado!

Ainda assim, sinto como se um vazio me desconsolasse. Falta algo, um complemento. Satisfação plena eu sei que não existe para ninguém. Mas algo me mantém inquieto, não me leva a tristeza e ao mesmo tempo faz com que eu me mova numa procura constante, numa sede incessante por algo que nem ao menos sei o que é. É estranho se sentir “feliz” e ao mesmo tempo incompleto, numa busca sem sentido.

PS: Para quem perguntou no MSN, estou voltando a desenhar, sim. Pretendo colocar algumas ilustrações nos próximos posts.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

A tal da Sogo

Primeira semana de férias do cursinho e da vida de estudante desesperado, tudo parece convergir para uma estrutura diferente, para um mundo diferente, melhor dizendo. Mas antes vou contar o que aconteceu uma semana antes das férias:
Sai com um leitor do blog para conversar, conhecer e ver o que tinhamos em comum. Foi divertido. Assistimos um filme francês louco e sem sentido e posteriormente fui a festa de um amigo. Dia de aula, o qual eu matei para ter um encontro com expectativas um tanto quanto exageradas. Sou meio imaturo para algumas coisas e dessa vez acho que magoei alguém sem necessidade. Agi friamente e sem pensar quando disse que queria apenas amizade e creio que acabei magoando o rapaz com quem sai. Enfim, espero ter a chance de marcar um passeio para pedir desculpas. A festa foi animada, melhor amigo e eu pondo assunto em dia e muita gente dançando, foi o máximo!


Voltando a programação normal:
Sexta-feira passada, no feriado da Revolução de 1932 (aqui na cidade de São Paulo é feriado, acredito que não seja feriado nacional) eu fui a uma balada com duas amigas, a tal da Sogo na região central do município, dançamos e nos divertimos e ocorreu algo que me surpreendeu. Dispensei todos os caras que apareceram, dancei a noite toda e bebi pouco. Acho que atingi um estágio de maturidade ou simplesmente "estou de boa" como me disse minha amiga. Acredito que o que eu estou querendo mesmo é viver um amor, ou melhor, uma paixão, daquelas que não se tem que dar muita satisfação e que rola naturalmente, sem pressão. Aquele sorriso que no fim da tarde te deixa aquecido por dentro, mas que ao mesmo tempo é minimamente essencial sem interferir com todo o resto da vida. Cheguei a conclusão de que nós, seres humanos, somo inconstantes de uma forma bela e sem sentido, mas essa inconstância é boa, no faz evoluir em todos os sentidos. Estar vivo é maravilhoso.

PS: Alguém ai tem um bom RPG para indicar que não seja Final Fantasy?

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Quem souber amar, me leva!

Depois das aventuras com o professor conheci um carinha, amigo de uma amiga minha. O cara é legal e tudo... mas... tem um probleminha... Gosta de ficar "doidão".
Então eu passo, amanhã vou sair com um leitor do blog, ver o que rola. Sinto-me tão bem, tão essencialmente completo que um relacionamento está em segundo plano. Não é que eu não queira ninguém, é só que o meu timing está perfeito. Não sou o tipo de cara que sai só para ficar, mas se rola um clima bacana eu deixo rolar. Gosto daquela coisa de olhos vidrados uns nos outros e depois aquela pegação forte que te deixa suado e sem fôlego só com beijos. Aquele suspiros abafados, barbas roçando e o que tiver que rolar dependendo do momento. Sexo casual não é algo que me agrada, entretanto vou contar algo que aconteceu há dois anos e não me arrependo nem um pouco.
Certa noite saí com um grupo de amigos do colégio (a maioria lésbicas), ficamos em um bar com música MPB super bacana, Snooke e muitas cervas. Depois de um tempo percebi que um cara tava olhando para nossa mesa. Boa pinta, barba por fazer, meio fortão.
Ele aproximou-se da nossa mesa e começou a jogar conversa fora (não sei o porquê, mas quase nunca dou iniciativa). Papo vai, papo vem. Começamos a flertar e ele disse que se me vencesse no Snooke ele teria direito a um encontro. Eu topei.
Acabei vencendo e o cara ficou decepcionado, depois puxei ele pra fora e ficamos durante um tempo do lado de fora do bar;
A pegação foi tão doida que quando fui perceber estávamos quase sem camisa no meio da rua.
Fomos para um motel e rolou todo tipo de coisa aquela noite. Não trocamos telefones, não acolhemos um ao outro. Mas rolou o que tinha que rolar naquele momento e foi muito bom! Hehehe!

domingo, 30 de maio de 2010

Últimas Semanas

E ai, pessoal? Tudo beleza?

As últimas três semanas foram divertidas, de um ponto de vista doentio, é claro. Fui à Virada Cultural, aqui na cidade de São Paulo. Fiquei no Largo São Francisco onde rolaria um som eletrõnico que eu curto. Fui com alguns amigos do cursinho e com dois professores que, agora, acho que são amigos também. Muita cerva, Smirnoff e Jurupinga depois acabei "ficando" com um dos meus professores, o que é curioso, pois não foi o meu primeiro docente e provavelmente nem o último. Os meus amigos agora estão me chamando de "Maria Giz" ¬¬
Foi uma coisa super nerdística, discutindo a existência de Deus e as justificativas da física, química e biologia para isso. Mas enfim, deixando o papo chato de lado, vou relatar o que aconteceu:
Estávamos formando um círuclo e dançando muito ( cada um com uma garrafa de Smirnoff na mão), eramos cinco homens e acredito que eu era o mais novo.
O professor estava dançando de frente pra mim e até ai, ninguém tinha assumido nada quanto a sexualidade. Muita bebida depois sentamos na calçada da Sanfran pra descansar e conversar. Foi quando um casal gay passou de mãos dadas e todos os cinco os acompanharam com um menear de cabeça. Demos risada e começou o papo de quem já tinha ficado com outro cara (se fossem todos héteros começariam a zoar as bichas e fazer graça). Por surpresa (ou não) todos já tinham ficado com outro cara. Os olhares se cruzaram e risos desfarçados foram escutados.
De repente uma mão passou pelo meu ombro e uma barba por fazer roçou na minha jugular, meu professor de Bio II sussurou no meu ouvido:
- Sabia que eu vez ou outra fico com homens?
- Sério? - respondi - Eu também, mas ultimamente não tenho encontrado ninguém que valha a pena.
- Mas um rapaz tão bonito não deveria ficar solteiro! - (Cantada fraca!) - Se quiser posso te apresentar alguém que valha a pena.
- Não, não. Realmente não precisa.
- Por quê? - ele fez cara de bêbado desentendido.
- Acho que eu já conheço essa pessoa.
Nesse momento eu puxei ele e beijei. Pessoal, sabe quando um beijo faz o tempo parar? Só existem você e o cara, todo o resto do mundo desaparece e a pegação faz com que você se sinta um verdadeiro Bon Vivant. Depois disso, marcamos algumas saidelas pra lugares mais reservados: Cinemas, parques, shopings, motéis e etc.
Infelizmente não somos um par que combina tanto, mas criamos uma relação legal. Um dos meus amigos está namorando o professor de Física e fica um clima bacana nas aulas de Cinemática quando contamos piadas internas.
Sei lá, minha vida está boa. Os meus dias estão gostosos e me sinto bem por correr atrás daquilo que eu gosto. Desde a morte do meu primo, sinto-me mais leve, com uma perspectiva de vida diferente. Estou curtindo os momentos da minha vida sem exagerar. Estou sendo levado pelo tempo e sou conduzido de forma agradável. A minha vida para ser melhor, só falta um amor, se bem que ultimamente não tenho sentido tanta falta assim. Mas que seria bom ter alguém pra partilhar, isso seria! Dividir momentos agradáveis e difíceis. So my friends, bye bye!

"Relinquish your pain unto me..."

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Cansaço + falta de cérebro = ?

Ontem quando estava voltando do cursinho, totalmente desatento, encontro no meio da avenida Imigrantes um cara pelado rolando na calçada. Havia um grupo de pessoas do outro lado observando o possível louco/embriagado se divertindo. Olhei aquela cena por uns dez segundos, pasmo, tentando entender o que se passava. Neste mesmo instante um cara alto e muito bonito parou do meu lado tendo a mesma reação. Olhou para mim, deu um sorriso e me entregou um papel. Eu ainda estava em choque pelo peladão no meio da avenida, achei que era panfletagem e não dei muita atenção. O cara atravessou a rua sem nem olhar pro peladão, olhou para trás viu que eu ainda estava em choque e sorriu novamente. Somente quando cheguei em casa, dali uns quinze minutos que fui ler o papel. Havia o nome Ricardo e uns números borrados, os quais eu não conseguia ler, foi aí que pensei:

“Quem em sã consciência faz panfletagem à meia-noite e meia?”.

O que me fez refletir sobre a possibilidade de que as coisas mais idiotas e improváveis acontecem quando o seu cérebro está num estado de transição astral, sem tempo de reação ou qualquer mobilidade física e te fazem perder o que parecia ser uma boa oportunidade de conhecer alguém legal. Com certeza não vou voltar a ver o cara e o peladão não vai voltar a rolar na avenida Imigrantes para nos dar tempo o suficiente de dizermos um “oi” indiscreto ou de tomarmos uma cerveja no bar da esquina. Agora dou risada pela minha falta de compreensão naquele momento.

Talvez tenha sido o homem da minha vida, talvez tenha sido só um amigo que eu não tenha reconhecido ou mesmo um outro doido, mas o que mais me dá raiva é a minha falta de atenção total a esse tipo de coisa! So my friends, let it be... let it be!


PS: Pra quem curte video games, uma dica: Xenosaga Episode I, II e III

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Nossa, quanto tempo!

Antes de começar a postagem em si, vou contextualizar a minha atual situação, pois acredito que muitos estejam curiosos para saber o rumo do processo com o rapaz do último post. Depois de um tempo, saímos mais algumas vezes, rolou papo, abraços e até selinho, mas, infelizmente, ele é mais complexado com a sexualidade do que eu e não estou em condições de tentar fazer outra pessoa se aceitar em benefício próprio. Acho que esse deve ser um caminho trilhado aos poucos, por nós mesmos e sem interferência direta de terceiros. Somos amigos, sem pressão e sem desespero, só quero paz e arroz, amor é bom, mas vem depois. Voltando à programação normal...

Dourado e a homofobia

Com a vitória de Dourado, Ex-BBB (não estou certo se é dessa forma que fica a palavra com a nova reforma ortográfica) e agora mais novo milionário, surgem os boatos de demérito por ele ser homofóbico. Frase atribuída a Dourado por Dicesar, após terem uma discussão sobre a transmissão do vírus HIV. No entanto, após ter assistido alguns vídeos enviados por um leitor do blog, fiquei pasmo com o comportamento de Dicesar.

Um homossexual assumido que, até onde eu sei, “luta” pela igualdade e tolerância ao homossexual agindo de forma intolerante e discriminadora. O que de fato ocorreu, ao meu entender: Dourado apenas demonstrou ser ignorante e, em momento algum, recriminou ou destratou Dicesar por algo.

O que de fato ocorreu, foi uma exposição da falta de informação de Dourado acerca do assunto: “Somente homossexuais pegam AIDS, se um homem tem AIDS significa que algum dia ele teve relações com outro homem.”. Agora eu pergunto a vocês, em algum ponto acima ele destratou homossexuais, inferiorizando ou retratando-os de forma pejorativa? Não. Só que vejo é um homem sem informação, que expôs sua visão independentemente da reação dos outros participantes, lembro-me vagamente da cara de Serginho ou Senhor Orgastic, mais popularmente, de espanto ao Dourado revelar isto. E a cara de Dicesar só dizia “homofóbico”. Não que eu descarte a possibilidade dele o ser, mas em todo caso, não foi o que ele fez.

Após esta “revelação” do participante, muitas comunidades gays iniciaram campanhas do tipo “Fora Dourado”. Não sei dizer se esta reação foi correta e estou longe de poder julgá-la, todavia, o que vejo mesmo é gente querendo calar a opinião alheia, tentando fazer com que sejamos adorados e aceitos num ponto que ainda requer muita mobilização. Há quem pense que estamos ganhando a guerra para aceitação da sociedade, já eu, penso que falta muito para alcançá-la e, infelizmente, nosso principal veículo para este foi desvirtuado: A Parada Gay. Não vou discuti-la neste post, pois tenho muito a dizer sobre ela.

Por fim eu deixo uma mensagem:

Será que é dessa forma que conseguiremos liberdade? Olhando para os outros, apontando seus defeitos e discriminando por um déficit intelectual provavelmente causado pela má condição educacional no país? Já sofremos perseguição e repressão, devemos olhar o nosso passado e, mais do que os outros, saber como agir nestas situações justamente por sermos vítimas de preconceito. Creio eu que o caminho para a tolerância não está ligado a demonstrar aversão por possíveis homofóbicos, acho que está mais ligado à luta pelos nossos direitos como cidadãos, respeito perante a sociedade e, por fim, independe dos homofóbicos.

P.S: Amanhã eu vou ter um encontro com um leitor do blog, só bater um papo e ver o que rola. ;)

segunda-feira, 8 de março de 2010

Três pontos essenciais

Como disse no último post, eu estou literalmente abandonando o meu passado e começando uma fase nova da minha vida. Conheci um cara bacana, que me foi apresentado pela minha amiga que comentei aqui. A conversa com ele foi muito boa. O papo fluiu naturalmente e descobri que não sou o único que tem problemas com a sexualidade. Ele tem a mesma idade que eu e passamos boas três horas conversando para nos conhecermos melhor. Confesso que fiquei encantado e, por este motivo, vou postar aqui os três pontos essenciais para criar expectativas de um relacionamento com alguém:

  1. Atração física - Acho que é o primeiro ponto base para criar alguma expectativa em relação a qualquer pessoa. Não precisa, necessariamente, ser um deus grego ou coisa do tipo, entretanto, precisa ter um ponto marcante, algo que me atraia. Como aquele sorriso que faz você se derreter ou aquele olhar que te deixa pernas bambas, mas aquilo que me deixa mesmo zonzo é o cheiro da pessoa. Sou muito ligado nisso. E não falo de perfumes caros, mas sim da pele. Cheiro de homem é inconfundível.
  2. Bom papo - É o que desencadeia tudo para dar certo. Falar sobre assuntos aleatórios é o que mais me agrada num primeiro encontro, ir desde música a relacionamentos passados (afinal você quer saber um pouco sobre um possível relacionamento e que tipo de relacionamento ela procura não, é?). O assunto tem que fluir naturalmente, como se já conhecesse a pessoa há muito tempo. Tem que ter risos, troca de olhares e frases maliciosos e toques de mãos e pernas “acidentais” para demonstrar que o interesse e expectativa é recíproco. Se a pessoa cita algum escritor alemão do qual eu goste muito, então, me ganha na lábia.
  3. Beijo - Dependendo da pessoa, isso meio que interfere sim. Você fica naquele pensamento depois de ter passado pelos dois primeiros pontos de reconhecimento: “E agora? Quem dá o primeiro passo? Ele ou eu?”. Quando a expectativa começa a passar dos pontos normais você fica em dúvida se aquilo vi dar certo ou não. Se os seus beijos e pegadas se combinam e se o momento vai fazer você ficar sem fôlego. Aquela coisa da primeira pegada animal e que no final deixa gostinho de “quero mais”. Mas nem sempre necessário.

Foi ótimo tê-lo conhecido em meio a tanta gente, pois foi o que me deixou menos tímido, o que me impulsionou a passar mais tempo sentado ao seu lado em meio à música alta que me chamava depois de tanto tempo sem sair para dançar. Foi ótimo ouvir sua risada um pouco descontrolada, nervosa e grossa em meio às falas das pessoas. Ótimo sentir sua mão tocando minha coxa de leve e ver seu sorriso encantador, ver seus olhos vidrados por trás dos óculos. Seu cabelo crespo, levemente bagunçado saindo por baixo da boina. Ótimo você ter me abraçado quando percebeu que eu estava com frio por ter esquecido minha blusa em casa. Foi ótimo passar as horas do outro dia jogando “Monopoly” e “War”. Só não foi ótimo você ter me roubado a Oceania, o continente que tanto gosto, fato que agora nem me aborrece tanto. Foi ótimo ter tido coragem para tentar te beijar e você docemente se recusar. Como disse, não sou o único com problemas de sexualidade. Mas foi ótimo, ah, como foi ótimo!

sexta-feira, 5 de março de 2010

Desabafo/ Convite

Depois da morte de um primo próximo, acabei me enclausurando para ter mais reflexão. Mais do que um primo, um irmão era enterrado. Passamos a infância e boa parte da adolescência juntos, fazendo planos de morar juntos quando entrássemos na faculdade, de viagens e conquistas nas quais estaríamos um passo mais próximos de nossas ambições. Conversas pretensiosas, outras vezes, humildes, dominavam o nosso diálogo. O sonho de mudar o país, mais do que isso, de mudar o mundo! Mas acima de tudo, um bom companheiro não estava mais ao meu lado: nunca mais conversas, nunca mais sorrisos, nunca mais.

O que mais me dói é nunca ter podido mostrar a este primo o que na acontece na realidade, quem eu sou e o que realmente gosto. Gostaria de ter compartilhado com ele algo tão íntimo quanto o segredo da minha sexualidade, poucas pessoas sabem. Mas a este que eu realmente queria contar não tive a chance, e não poderei mais contar. A dor permanece, ele se vai. Aos poucos estou tentando superar a sua perda. Entretanto, o que mais me entristece é que ele nunca me conheceu de verdade.

Convite

Apesar de essas últimas semanas terem sido difíceis, estou tentando mudar algumas coisas que não me agradam. Como o fato de estar preso a uma antiga relação e não fazer nada para alterar isso. Cansei, não agüento mais. Um trem que passou e me arrastou, um trem que deixou seqüelas por três anos que agora eu quero curar, ou pelo menos não olhar mais para as feridas. A morte do meu primo me fez ver que o tempo é curto, não sabemos quando outro trem pode passar, mas dessa vez sem deixar marcas, neste novo trem eu quero viajar. Quero embarcar num novo trem, com destino à felicidade. Não vou mais limitar as minhas possibilidades por questões de um passado que não é mais tão presente. Agora é oficial: estou à procura de um novo trem.

Mas sem desesperos, apenas esperando que alguém apareça. Sem desprezar, apenas dando a chance para um novo amor. Por este mesmo motivo venho convidar quem quiser a participar da minha nova busca a comparecer no aniversário de uma amiga. Numa balada muito conhecida pelos paulistanos do meio homossexual, sim aquela mesma que fica na Rua Frei Caneca... Acho que todos conhecem. Amanhã estarei tentando mudar parte desse passado, não me limitarei e quem sabe as coisas não se tornem mais fáceis?

Abraços e desejem-me sorte.

segunda-feira, 1 de março de 2010

Aviso

Pessoal, quero informar que nesta semana não vou postar nada de muito interessante... um ente querido faleceu na última semana e não ando muito pensativo. Peço a compreensão de todos que acompanham o blog. Abraços.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Estereótipos e rotulações

Na última semana eu inaugurei este blog para compartilhar um pouco da minha vida, idéias e opiniões sobre determinados assuntos envolvendo a sexualidade. Por este mesmo motivo acabei entrando em chats, comunidades e outros tipos de sites onde acabei divulgando-o (o blog) e conhecendo muita gente. Pessoas de todas as classes e pensamentos. Contudo, o mais curioso é que todos os diálogos acabavam convergindo para um ideal semelhante: o de firmar um relacionamento, sendo ou não, sério. Recebi convites para orgias, sexos casuais, idas a cinemas e, acreditem ou não, jogos de futebol entre amigos heterossexuais. Nestas idas e vindas virtuais acabei reparando uma espécie de rito de conhecimento do outro virtual: Afeminado? Macho? Ativo? Passivo? Armariado? Assumido? São alguns dos pontos mais tocados.

Posteriormente, tive reflexões sobre o assunto, tentando me colocar em alguns desses papéis e ampliei-as sobre o que as pessoas (a sociedade como um todo) entendem sobre homossexuais e bissexuais. Lembro de uma conversa entre amigos heterossexuais que diziam “que homem não se interessa por outro homem” e “que bicha desmoraliza a imagem masculina”. Mal sabiam que eu, ali, gostava de homens. A questão é: A sociedade possui uma visão equivocada sobre os homossexuais.

Acredito que seja pela proibição e por esta prática “não ser vista com bons olhos”, a maioria dos homossexuais másculos acaba se escondendo e não se assumindo perante a família e sociedade, o que acaba criando o estereótipo de que homossexuais são sim, afeminados, agem e se vestem como mulheres. Não critico isso, pois essa é uma influência histórica e, em parte religiosa, por nos tratarmos de uma sociedade predominantemente católica. O curioso mesmo são as nossas - a dos bissexuais e homossexuais não assumidos - interações que diz que nascemos curtindo outros caras por engano, pois não nos adequamos ao mundo GLS. Eu sou assim, eu penso dessa forma, mas acredito que nenhum de nós se arrepende de já ter beijado ou ido para cama com outro cara, mas com toda certeza preferiríamos ser heterossexuais para evitar qualquer eventualidade, principalmente, com a família.

Acho que o tema está mais intimamente ligado à aceitação do mundo e não à auto-aceitação. Quando temos medo que nossos entes queridos, amigos e companheiros de trabalho descubram sobre a nossa vida dupla, não é algo errado. Pelo contrário, é um sentimento comum. Do meu ponto de vista, ninguém é obrigado a aceitar que você seja de tal forma, entretanto, acho que ela deva, sim, respeitar e não te destratar por qualquer coisa que seja. Mas como conviver com algo ou alguém que você não gosta? Eu sou assim, tenho meus preconceitos também, por este motivo me coloco no lugar do outro tentando ter sua perspectiva. E confesso que me assusta a idéia de me assumir quando isso pode me privar de muitas coisas, como por exemplo, passar a seriedade da minha profissão ou mesmo cortar uma possível amizade ou contato profissional por algum boato do tipo: “Olha lá! Aquele rapaz é gay!” e pessoa que o escutar criar uma falsa impressão sobre mim. Por este motivo não critico a reação dos heterossexuais em determinadas situações, a questão vai além do aqui e agora, é algo mais consistente e mais velho do que simplesmente ir à parada do orgulho gay lutar pelos seus direitos.

Logo depois de algumas conversas no MSN conheci um cara no Orkut devido à divulgação deste blog, um puta cara legal. Universitário, último ano do curso que quero seguir, inteligente que só ele e, repito, um puta cara legal. Lá começamos a conversar sobre coisas em comum e a sexualidade acabou entrando nestes assuntos e ele me fez ver outro ponto: as rotulações. Gay? Bissexual? Heterossexual?

Para ele nada disso importa. O que importava era a pessoa com quem ele estava conversando, independentemente do que ela gostasse e, neste ponto, junto a ele descobri que eu não tenho uma rotulação definida. De acordo com a origem da palavra, gay é aquele homem assumido que gosta de outros homens, por isso é também “alegre”. A interpretação que tenho disso é que o fato de se assumir torna a pessoa mais feliz e livre. Então não sou gay, porque não sou assumido. Entretanto, sou feliz não me assumindo, mantendo em segredo essa minha segunda vida. Não posso definir ao certo aquilo que eu sou, não posso dizer que sei tudo e que estes meus pensamentos se aplicam a todos. Tudo que posso dizer é que sou um cara que curte sair com outros caras. Ponto.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

O Garoto do Moletom Azul

Eu havia começado o curso naquela semana, a piscina estava com a água cristalina. Os rapazes iam se amontoando para conhecer os professores e em quais turmas iriam ficar. Ainda estávamos todos vestidos e os nomes eram chamados pouco a pouco. Eu devia ter por volta dos meus 14 anos. Olhei em volta para ver se conhecia algum dos garotos, foi ai que notei um rapaz mais velho ao meu lado, parecia ter entre 16 e 18 anos e possuía um moletom azul marinho amarrado em sua cintura.

O menino aparentava estar excessivamente nervoso, e por algum motivo parecia estar com medo das aulas de natação que teríamos dali em diante. Quando focalizei seu rosto melhor, pude perceber que estava suando frio. Então iniciei um diálogo para conhecê-lo e tentar acalmá-lo. Com o tempo descobri o seu nome, e logo estávamos discutindo coisas em comum como futebol, músicas, livros etc.

Depois de um tempo descobrimos que havíamos ficado com o mesmo professor. Quando fomos levados ao vestiário para nos trocar e começar as práticas do esporte o garoto entrou em choque. Perguntei a ele o que havia de errado e se eu poderia ajudar. Tudo o que ele fez foi abanar a mão e dizer que estava tudo bem.

No vestiário, escolhemos nossos armários e começamos a nos despir, ele pegou sua mochila e começou a procurar sua sunga, disse que provavelmente havia esquecido no carro da mãe. Saiu correndo do vestiário e depois que todos já estávamos de sunga esperando os professores retornarem para nos dar as primeiras instruções ele retorna ofegante com uma sunga azul. Terminamos a aula, sem sequer entrar na piscina o que deixou a todos muito irritados novamente. Voltamos ao vestiário e novamente o rapaz deu uma desculpa para sair do vestiário. Ele era um rapaz estranho, diferente.

Certa vez estávamos a sós no vestiário por termos chegado atrasados depois de uma ida ao shopping. Foi quando tive a idéia de me despir em sua frente para ver qual era a sua reação. Ele ficou imobilizado, controlando a respiração, ruborizando rapidamente. Disse a ele que não precisava ficar envergonhado, pois éramos amigos há algum tempo, me aproximei ainda sem roupas e toquei sua mão gentilmente, ele gelou, eu recuei. Aproximei-me novamente, ele corando novamente saiu do vestiário.

O que eu estava fazendo? Eu não poderia me sentir atraído por outro cara, no fim daquela semana pedi para minha mãe trancar a matrícula. Desisti do curso de natação, fato que até hoje não sei nadar. Nunca mais encontrei garoto do moletom azul que sempre estava a sua cintura. Mas foi a primeira vez que me senti atraído por outro homem.

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Apresentando...

Criei este espaço para iniciar diálogos, contar experiências pessoais e, a partir delas, ter reflexões e discuti-las com todos os comentários dos leitores. Por se tratar de minha vida pessoal e de eu ainda ser “armariado”, vou manter o pseudônimo de ThinkerBoy.

Há vários meses venho sentindo essa necessidade de compartilhar o que acho interessante da minha história, por diversas vezes relutei e reconsiderei e, finalmente, hoje, decidi começar um diário virtual mostrando as inúmeras formas de pensar que possuo. Neste ponto, friso que vou tentar tornar este blog de publicação quinzenal, pelo menos por este ano, pois eu passo pela fase de vestibulares e início de carreira, as quais não são fáceis para ninguém.

Aqui pretendo postar um pouco sobre o meu passado, presente e futuro. O que quero mostrar de fato são as influências que me cercaram, os medos que possuo e as esperanças que tenho de mudar o que parece intransmutável.

Por fim, deixo uma pequena descrição pessoal: um garoto aparentemente normal entre 16 e 23 anos, que curte sair, tomar uma boa bebida e dialogar sobre inúmeros assuntos aleatórios. Gosto de estudar, o que deve me colocar na categoria nerd. Tenho preconceitos, sei disso, melhor do que ninguém, entretanto, tento analisar a situação para melhor aceitá-la. Uso este espaço para escapar do estresse diário e do caos da cidade grande.